Erasmo Carlos comunista? Em 18 de outubro de 1970, sob aplausos depois de um número no Programa Silvio Santos da Rede Globo, Erasmo Carlos ergueu o braço e cerrou o punho. Tal ato gerou desconforto, desconfiança e investigação da ditadura. O punho, que virou um símbolo de resistência dos Panteras Negras nos EUA, passou a ser sempre aludido pelos militares brasileiro a práticas comunistas e subversivas. Em parecer de 9 de novembro, o DCDP argumenta "A atitude nos parece sumamente grave e requer providências urgentes e necessárias." Segundo o mesmo documento, “a gravação deverá ser apreendida e examinada pelo DCDP e a suposição de subversão a ser confirmada”. Afinal seria esse um gesto típico de cumprimento comunista. O documento ainda observa a necessidade de perceber duas coisas importantes: 1. Conivência do "cameraman" que focalizou a cena com insistência; 2. qual o censor encarregado da programação do dia 18 de outubro. A paranoia comunista dos militares nesse episódio envolve de Erasmo ao cameraman (e o próprio censor do programa). O delírio da conspiração esquerdista se multiplicava a tudo e a todos.Tudo que saísse de um script prévio dos censores ‘poderia ser ação comunista’. O caso de Erasmo é emblemático porque mesmo sendo um cantor com ações políticas discretas, vale lembrar que ele sempre foi o principal parceiro e irmão-camarada do cantor Roberto Carlos. Este, por sua vez, era visto com bons olhos por parte militares. O documento é parte da pesquisa do colunista do HD, Ivan Lima. @ivangibb e no último dia 12 de junho, parte dela, foi divulgada no jornal “O Globo” na coluna do jornalista Ancelmo Gois.