A imprensa cearense na abertura política
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  • Foto do escritorHistória da Ditadura

A imprensa cearense na abertura política

Atualizado: 29 de abr. de 2021


 

Dissertação: Imprensa, ditadura e abertura política: entre consentimentos, atritos e ambivalências. A atuação dos jornais cearenses Correio da Semana e O Povo (1974-1985)


Autor: João Batista Teófilo Silva (email: joaoteofilo.hist@gmail.com | Lattes)


Orientadora: Maria do Rosário da Cunha Peixoto


Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2015

1. Qual a questão central da sua pesquisa?

Buscar compreender como os dois jornais estudados se posicionaram diante do projeto de distensão e de abertura política capitaneado pela ditadura.

2. Resumo da pesquisa

Este trabalho buscar compreender a atuação dos jornais cearenses Correio da Semana e O Povo, durante a conjuntura de lutas que marcou o processo de redemocratização no Brasil entre os anos de 1974 e 1985. Busca, igualmente, compreender o papel desempenhado por esses jornais na consolidação do projeto de abertura “lenta, segura e gradual”. Pensar a atuação da imprensa como prática social e ingrediente dos acontecimentos históricos, permite compreender o papel que desempenha na constituição de memórias, na construção do consenso e nas lutas por hegemonia, estabelecendo alianças com forças políticas em diversas conjunturas. Não se trata de compreender a atuação desses jornais a partir de meros discursos, como se esses estivessem deslocados das lutas que buscam intervir no social. Mas compreendê-los como linguagem constitutiva do social que defende projetos, articula pactos políticos e indica perspectivas de passado, presente e futuro. Os estudos sobre a atuação da imprensa brasileira durante a ditadura civil-militar, centralizados em jornais pertencentes aos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, muitas vezes tendem a simplificar o processo histórico a partir da atuação de poucos jornais, homogeneizando questões que são muito mais complexas. As reflexões desta pesquisa buscam oferecer novas contribuições às visões de algum modo generalizadas, que reduzem o papel da imprensa brasileira à atuação de alguns poucos jornais que, apesar de suas importâncias, estão longe de representar uma experiência histórica que é mais complexa. Pensando os consentimentos, os atritos e as ambivalências que permeiam a atuação desses jornais, este trabalho busca mostrar que nem sempre a imprensa brasileira esteve nutrindo relações de apoio à ditadura, para, depois, passar para o campo das oposições. As relações de apoio, marcada também por atritos, não se resumem a confortáveis dicotomias de a favor e contra. Tais relações, mais complexas, permitem pensar no papel que a imprensa desempenhou na consolidação da ditadura e na construção do seu projeto de abertura política, como relevam facetas de um projeto de poder ditatorial que não foi simplesmente imposto em 31 de março de 1964, mas que foi construído a partir de alianças dos militares com setores civis da sociedade, entre os quais os jornais Correio da Semana e O Povo.

3. Quais foram suas conclusões?

Os resultados desta pesquisa mostraram que o estudo de determinados jornais, que não os já consolidados pela historiografia, ajudam a questionar certas visões de algum modo generalizantes sobre a atuação da imprensa durante a ditadura. Além disso, mostraram que, ao contrário do que está presente em muitas memórias desse período, nem toda a imprensa se engajou nas lutas pelo restabelecimento da democracia, notadamente no contexto da campanha “Diretas Já”. Ainda que vítima da censura, a atuação da imprensa durante o período não se resume a isso. Muitos foram os apoios, durante toda a vigência do período ditatorial, e que não se resumiram apenas aos jornais de São Paulo e Rio de Janeiro.

4. Referências 

Heloisa de Faria Cruz; Maria do Rosário da Cunha Peixoto. Na oficina do historiador: conversas sobre história e imprensa. Projeto História, São Paulo, n.35, pp. 253-270, dez. 2007.

Marcos Napolitano. 1964: História do regime militar brasileiro. São Paulo: Editora Contexto, 2014.

Michael Pollak. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, nº10, 1992.

Alfred Stepan. Os militares: da abertura à nova república. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.

Raymond Williams. Marxismo e literatura. Trad. Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

João Batista Teófilo Silva é mestre em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e doutorando em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É membro do Núcleo de Estudos Culturais: História, Memória e Perspectiva de Presente, da PUC-SP, e do grupo de pesquisa História Política e Culturas Políticas, da UFMG. Atuou como pesquisador bolsista do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC/FGV).

Caso queira divulgar sua pesquisa sobre temas relacionados às ditaduras latino-americanas do século XX ou sobre questões do Brasil contemporâneo, não necessariamente na área de História, escreva para o email: hd@historiadaditadura.com.br

 

Crédito da imagem destacada:

Photo by Denny Müller on Unsplash

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