O golpe de 1964 no Pontal do Triângulo Mineiro
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O golpe de 1964 no Pontal do Triângulo Mineiro

Atualizado: 29 de abr. de 2021

 

Dissertação: Política, imprensa local, perseguição: o golpe de 1964 no Pontal do Triângulo Mineiro

Autor: Caio Vinicius de Carvalho Ferreira (Lattes | Dissertação)

Orientadora: Regma Maria dos Santos

Instituição: Universidade Federal de Uberlândia, 2017

1. Qual a questão central da sua pesquisa?

Compreender uma série de perseguições políticas ocorridas na região do Pontal do Triângulo Mineiro em 1964, dentre essas: a deposição de administradores públicos locais, o fechamento de um jornal de circulação regional e a prisão das lideranças de movimentos de trabalhadores

2. Resumo da pesquisa

Com o golpe civil-militar de 1964, ao ser outorgado o primeiro Ato Institucional, dando início à “operação limpeza” em nível nacional, na microrregião do Pontal do Triângulo Mineiro uma série de perseguições e prisões políticas também ocorreram. A chegada de uma junta militar armada ao município de Ituiutaba, apoiada pelos civis locais, forçou a renúncia do prefeito, do vice-prefeito e de mais cinco vereadores, além da prisão de três destes vereadores e de um assessor do prefeito – na sua maioria, ligados às políticas trabalhistas e filiados ao PTB. A junta também fechou um jornal regional, a Folha de Ituiutaba, impediu sua circulação e provocou a prisão do proprietário e do redator-chefe, que foram levados ao Departamento de Ordem Política (DOPS), em Belo Horizonte, e obrigados a prestar depoimento. Além disso, essa aliança cívico-militar ainda perseguiu e prendeu líderes de movimentos sociais, desarticulando o recém-fundado Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ituiutaba e outras associações. Essa pesquisa se propôs a analisar os desdobramentos do golpe civil-militar de 1964 na microrregião do Pontal do Triângulo Mineiro. Procuramos entender o processo histórico, os fatores e a repercussão desses acontecimentos, além das ações e reações das experiências vividas e a maneira como elas foram sentidas na conjuntura local. Desse modo, trabalhamos com diferentes categorias de fontes disponíveis, entrecruzando as informações e fazendo a crítica sobre os diversos documentos.

3. Quais foram suas principais conclusões?

Acreditamos que as ações persecutórias fizeram parte de um plano interligado de desmembramento e silenciamento de políticas trabalhistas e movimentos de esquerda locais, que se diziam favoráveis aos trabalhadores. Políticas essas que também vinham se expandindo e se organizando na região durante os anos 1960. A ação golpista cívico-militar na região foi certeira e vitoriosa, pois agiu no desmantelamento tanto das reivindicações trabalhistas que ascendiam dentro da política institucional quanto da imprensa local, que representava essas políticas nas páginas do jornal Folha de Ituiutaba, além de ter neutralizado os movimentos sociais insurgentes, nos quais os trabalhadores se organizavam.

Após o golpe, os movimentos locais de direita, representados em 1964 por fazendeiros e donos de indústrias, foram habilidosos em se articular com os militares, aproveitando o momento nacional para fazer uma aliança política que buscou perseguir e neutralizar qualquer forma de reivindicação, derrotando esses setores das esquerdas e seus projetos políticos e sociais, que foram desarticulados. A pesquisa apresenta como o golpe de 1964 e a aliança cívico-militar desenvolveu um aparelho de perseguição/neutralização altamente sofisticado, que conseguiu agir mesmo em lugares distantes dos centros administrativos do país, como uma pequena cidade no extremo interior de Minas Gerais.

Maria Helena Alves. Estado e Oposição no Brasil (1964-1984). Tradução de Clóvis Marques. Ed. Petrópolis, Vozes, 1989.

Carlos Fico. Além do golpe: versões e controvérsias sobre 1964 e a ditadura militar. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 2014.

Rodrigo Pato Sá Motta. Em guarda contra o perigo vermelho: o anticomunismo no Brasil (1917-1964). São Paulo: Perspectiva, 2002.

René Rémond (Org.). Por uma história política. Trad. Dora Rocha, 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2014.

Beatriz Sarlo. Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva. Trad. Rosa Freire d’Aguiar, São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

Caio Vinicius de Carvalho Ferreira é graduado em História pela Universidade Federal de Uberlândia – Campus Pontal, mestre em História pelo Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia (PPGHIS/UFU). Atualmente, desenvolve o doutorado em História dentro do mesmo programa.

Caso queira divulgar sua pesquisa sobre temas relacionados às ditaduras latino-americanas do século XX ou sobre questões do Brasil contemporâneo, não necessariamente na área de História, escreva para o email: hd@historiadaditadura.com.br.

 

Crédito da imagem destacada: Brasil de Fato – Minas Gerais (Divulgação)

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