A Era dos Festivais – um filme, um livro, uma música
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  • Foto do escritorGuilherme Leite Ribeiro

A Era dos Festivais – um filme, um livro, uma música

Os anos 1960, 1970 e 1980 foram profícuos para a Música Popular Brasileira (MPB). De 1965 a 1985, ocorreram vários tipos de festivais da canção no Brasil, que deram à MPB um status de relevância cultural inigualável no país. Festival de Música Popular Brasileira, Festival Internacional da Canção, Festival Abertura, MPB Shell e Festival dos Festivais foram apenas alguns dos nomes que intitulavam as competições que levaram milhares de pessoas aos estádios do país para torcer por seus ídolos em tempos de arbítrio e de efervescência cultural.


Filme:


uma noite em 1967 documentário

Uma noite em 67”, de Renato Terra e Ricardo Calil


Ao abordar o III Festival da Música Popular Brasileira, exibido pela TV Record, em 1967, que premiou músicas inesquecíveis, como “Alegria, alegria” (Caetano Veloso), “Ponteio” (Edu Lobo), “Domingo no Parque” (Gilberto Gil) e “Roda Viva” (Chico Buarque), o documentário ilustra bem o clima de tensão política em meio ao brilhantismo dos artistas engajados da MPB. Um dos destaques daquele festival, e reproduzido na íntegra pela obra, foi a antológica cena em que Sérgio Ricardo, vaiado, quebra seu violão durante a música “Beto bom de bola”, não finalizando sua execução e, por isso, sendo desclassificado. Imagens praticamente perfeitas daquele momento foram exibidas. Além disso, são igualmente impactantes os depoimentos exclusivos trazidos pelo filme, desnudando os bastidores do festival com o contexto daquela época, como visto na famosa passeata contra a guitarra elétrica e na evidente repressão da ditadura militar. O documentário, feito em 2010, pode ser visto no Youtube.



 

Livro:


A era dos festivais de zuza homem de mello

A Era dos Festivais: uma parábola”, de Zuza Homem de Mello


Onipresente em especiais e documentários sobre essa época áurea da Música Popular Brasileira, o jornalista Zuza Homem de Mello vivenciou grande parte dos festivais. É a partir dessa experiência que, em 2003, escreveu o livro “A Era dos Festivais, uma parábola”, pela Editora 34. Nas mais de 500 páginas da obra, Zuza relembra os bastidores dos primeiros festivais, relembrando polêmicas e relatando o clima efervescente da época. Mais do que curiosidade e interesse, o livro é uma verdadeira aula de História.


 

Música:


“BR-3”, de Tony Tornado e Trio Ternura

BR-3”, de Tony Tornado e Trio Ternura


Ao longo de 20 anos de festivais, não foram poucas as canções inesquecíveis. Por isso, a escolha desta coluna é difícil. Contudo, há de se convir que – em uma época de protestos internacionais veementes cobrando maior igualdade racial – um negro com cabelo black power desconhecido do grande público entrando no Maracanãzinho e, em poucos minutos, dominando a plateia, teve um simbolismo especial. A música, de letra simples e até boba, tornou-se grande: “BR-3” escrita por Antonio Adolfo e Tibério Gaspar, que ganhou a participação do Trio Ternura no V Festival Internacional da Canção, em 1970. Apesar de ser uma referência à estrada que liga o Rio de Janeiro a Minas Gerais, atualmente conhecida como BR-040, ganhou conotação até de apologia a drogas, o que evidentemente não fazia nenhum sentido. Uma grande vitória para a música negra no Brasil.



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